Pego-me observando as situações em minha
volta, isso sem duvida acontece com certa freqüência, mas quero deter-me aqui a
uma observação em particular: O segundo olhar.
Muitos dizem, especulam que o corpo se
comunica. Nossos braços, o movimento de nossas pernas reflete algum pensamento
do âmago de nosso subconsciente. O que dizer então do olhar? Frases são ditas
amores expressados, confidenciados, ódios mostrados através de um
"simples" olhar. Ele, o olhar, sem duvidas é um poço de sentimentos e
emoções. O olhar, o almejar, o desejar nasce de uma pupila que se dilata e nos
afeta.
Já ouvi inúmeras historias sobre o
primeiro olhar, histórias tanto de amor quanto de ódio, porem acredito que a
grande maioria desconheça o poder e a força de um segundo olhar.
O segundo olhar pode revelar descrença
ao primeiro, pode revelar aquilo que o primeiro olhar se esforçou para
esconder. O segundo olhar nos revela como roupa que cai ao chão, nos despe, nos
revelando ao outro, exibindo escandalosamente e sutilmente nossos desejos ou ódios.
Uma coisa é uma mulher passar e um homem
olhar para ela, outra bem diferente é quando caminhando, os olhares se cruzam e
ali, fixos, o primeiro olhar acontece. Porém, tímidos eles fogem,
silenciosamente do foco um do outro, mas é nesse momento que então aparece o
segundo olhar. Eles se lançam se atrevem a atrair novamente o olhar do outro, a
imagem fica assim guardada na mente como objeto de lembrança e anelo.
Tenho que confessar que um segundo olhar
me cativou um segundo encontro me afetou, e num segundo olhar tudo recomeçou.
Engraçado que tenho experimentado uma série de segundos, terceiros, quartos
olhares, cada vez mais profundos que aos poucos me decifram e sutilmente me
mostram e ela aos poucos me conhece.
Sem dúvida o segundo olhar nos
REuniu. Afinal de contas, várias são as facetas de um segundo olhar.
Adriano de Sousa Lima
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